Christian lembra que 2004 foi um ano decisivo em sua vida, não apenas pela entrada na novela “Rebelde”, mas também pelos impactos que essa fama trouxe. Após anos de luta interna e crises pessoais, ele finalmente encontrou liberdade e orgulho em sua sexualidade. “Estou muito satisfeito com minha sexualidade”, afirma. “Gosto de aproveitar todas as oportunidades que tenho e usar minha voz para que ninguém se sinta como eu senti na minha infância.”
Além de sua experiência com o RBD, Chavez também compartilha sua nova jornada no teatro, onde retorna como Emmanuel na versão drag do musical “Mentiras”. A experiência, segundo ele, é uma forma de expressar sua verdadeira essência e ajudar outros a encontrar a sua.
Sobre o futuro do RBD, ele se mostra otimista: “O RBD está mais vivo do que nunca.” Um documentário está a caminho, e ele deixa a porta aberta para novas turnês. “A vida tem muitos caminhos para nos surpreender.”
Confira abaixo a entrevista completa traduzida pela equipe da The Best of RBD:
Para Christian Chávez o ano de 2004 foi um ano crucial para sua carreira, quando foi selecionado para fazer do elenco da novela Rebelde, onde surgiu o grupo musical RBD, que teve um grande impacto entre os jovens da época, e cujo o legal ainda segue vivo.
Mas nem tudo são flores, a revelação forçada sobre sua sexualidade foi um incidente traumático que lhe provocou uma crise depressiva com tendências suicidas. Se passaram 17 anos desde então e o artista mexicano converteu o palco da tour com o grupo RBD e sua vida em uma facinante fusão de exorcismos e orgulho, onde cada dia rompe esquemas e estereótipos.
Hoje você se encontra muito cômodo e livre. Você quer deixar um legado ou se converter em um ícone da comunidade?
Hoje em dia estou muito satisfeito com minha sexualidade, pas foi um caminho muito duro. Por isso gosto de aproveitar todas as oportunidades que tenho e usar minha voz para que ninguém se sinta como eu senti em minha infância, adolescência e grande parte da minha vida. Que está bem ser como você é.
Nessa etapa que, apesar de estar casado, vivia um processo no qual eu não me conhecia. Para muitas pessoas da comunidade nos passa isso, não vivemos a adolescência porque estamos tentando não sermos pego, ser outras versões que não somos e não temos como dizer: “é disso que eu gosto” ou “vou ao meu baile com o garoto que gosto”, está tudo escondido, oculto, você se sente sujo, eu senti que as pessoas, o mundo não iria aceitar o que eu era, tudo isso gera muitas feridas em você.
Na verdade comecei a escrever passagens importantes da minha vida, onde descrevo meus sucessos, mas também os fracasos porque nem tudo na minha vida foi felicidade. Eu gostaria de abordar tudo, desde minha infância, meu crescimento, meus amigos, no livro, não gostaria de guardar nada, quero contar tudo. Minha intenção não é ser ícone de nada, na verdade meu livro não busca me fazer parecer a pessoa mais maravilhosa do mundo, já que vou revelar meus fantasmas.
Se a minha história pode servir de inspiração para os mais jóvens, então terá valido a pena, porque tudo o que vou compartilhar me fez ser a pessoa que sou hoje.
O que você achou da recente turnê do RBD?
Agora fazendo uma análise da turnê, eu disse: ‘valeu a pena’. Agora me vejo e me sinto feliz, lembro que quando subia ao palco, as pessoas piravam com os looks que eu usava e eu disse “eles estão amando esse Christian” que tanto me falavam que não, isso não poderia ser feito, ninguém iria me amar. É maravilhoso ver e dizer “gostaram disso?”, porque esse sou eu. Ter tido a oportunidade de pegar na mão daquela criança que se sintia desiludida, suja que era deixada de o lado o tempo todo ou vivia escondida e dizer: “vem, o que você quer?” “o que você quer vestir?” “como você quer fazer sua maquiagem?” isso foi maravilhoso e depois de ter liberdade, me alinhar e descobrir o que quero fazer, prometi nunca mais ir contra aquilo que eu sou.
Sim, seus figurinos definitivamente deram muito o que falar!
Com a tour voltei para aquele armário e comecei a tirar dele as mais incríveis fantasias queer que minha mente poderia imaginar. Eles foram criticados e adorados, mas não deixaram ninguém imune. De espartilhos, trajes de charro e toureiros iconoclastas e até meu microfone gritaram tão alto quanto os milhões de fãs que cantaram nossas músicas. No final de tudo
gerar debate e reflexão foi o objetivo, e foi alcançado com sucesso.
Você acabou de realizar uma adaptação muito especial do musical “Mentiras”. Nos conte sobre essa experiência no teatro.
Isso mesmo, voltei ao teatro para interpretar Emmanuel em Mentidrags, a versão drag do musical Mentiras. eu adorei
voltar com esse musical que está na memória e tem o carinho do público mexicano, já está em cartaz há 15 anos e
que, para mim, é o exemplo de algo que eu queria fazer parte desde a primeira vez que vi.
Que maneira inteligente de contar esta história e, acima de tudo, é importante para a comunidade LGBTQ+ porque Emmanuel é um personagem que está buscando entre o que deveria ser e o que as pessoas querem que seja. Isso para mim é maravilhoso porque vivi esse processo, cheguei a tentar ser alguém que não era e nisso você se perde, de tudo o que eu vivi, o que realmente era eu e o que eu estava simplesmente interpretando um personagem.
Diga-nos, haverá novas turnês do RBD?
O RBD está mais vivo do que nunca, será lançado um documentário que conta com a participação de todos os integrantes, assim como a gravação de um show no Brasil realizado durante a última turnê. Às vezes você tem que parar e deixar as coisas acontecem, mas acho que todos nós temos esse amor pelo RBD, o amor pelo RBD existe e sempre existirá, e acho que sempre haverão divergências, mas as coisas estão ficando mais claras, tudo está melhorando, é como qualquer família. Talvez no próximo ano ou em 2026, podemos voltar. A vida tem muitos caminhos para nos surpreender.
Confira a edição da revista e a entrevista completa aqui.